sábado, 20 de abril de 2013

EMÍLIA FERREIRO – COMO ALGUÉM APRENDE A LER E ESCREVER?

    emilia  
EMÍLIA FERREIRO, a psicolinguística argentina, 
estudando os mecanismos pelos quais as crianças 
aprendem a ler e escrever, ao invés de perguntar 
como se ensina  a ler e escrever, perguntou como 
alguém aprende a ler e escrever independente
do ensino. 
A partir daí desenvolveu teorias que deixam de 
fundamentar-se em concepções 
mecanicistas/interacionistas fundamentando-se 
em Vygotsky e Piaget.
       O que isso significa? Significa que o processo 
de ensinar se desloca para  o ato de aprender, 
por meio da construção do conhecimento 
que será realizado pelo educando, que se 
torna agente de sua aprendizagem.
construtivismo

Os conceitos que os professores trabalham  
separadamente, de acordo com Ferreiro, 
como imaturidade, prontidão, habilidades 
motoras e perceptuais deixam de ter sentido 
isoladamente. 
Os aspectos motores, cognitivos e afetivos são 
importantes, na medida que tratados no contexto
 da realidade sócio-cultural dos alunos.
 “Hoje a perspectiva construtivista considera a 
interação de todos eles, numa visão política, 
integral, para explicar a aprendizagem” diz Ferreiro.
   Os níveis diferentes em que normalmente os 
alunos se encontram e vão se desenvolvendo 
durante o processo de alfabetização, e a interação
 entre eles, é muito importante para o desenvolvimento do processo.
ni















I  -   Os níveis estruturais da linguagem escrita podem as 
diferenças individuais e os diferente ritmos dos alunos :
1- diferenciar entre desenho e escrita;
2-utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever 
palavras;
3- reproduzir os traços da escrita, de acordo com seu 
contato com as formas gráficas (imprensa ou cursiva), escolhendo 
a que lhe é mais familiar para usar nas suas hipóteses de escrita;
4- perceber que é preciso variar os caracteres para obter 
palavras diferentes.
5- perder que é preciso variar os caracteres para obter 
palavras diferentes.
IINível silábico – pode ser dividido entre 
Silábico e Silábico / Alfabético:

n2












Silábico – a criança compreende que as
diferenças na representação escrita está relacionada com 
“o som” das palavras, o que a leva a sentir a necessidade 
de usar uma forma de grafia para cada som. Utiliza símbolos 
gráficos de forma aleatória, usando apenas consoantes,  
ora apenas vogais, ora letras inventadas e repetindo-as de 
acordo com o número  de sílabas das palavras.

Silábico/Alfabético – convivem as formas de fazer 
corresponder  os sons ás formas silábica e alfabética 
e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou 
fonética.

Nível Alfabético – A criança agora entende que: sílaba não 
pode ser considerada uma unidade e que pode ser separada 
em unidades menores; a identificação do som não é 
garantia da identificação da letra, o que pode gerar 
as famosas dificuldades ortográficas e a escrita supõe a 
necessidade de análise a necessidade da análise fonética 
das palavras.
Esta análise do desenvolvimento cognitivo  do aluno 
é conhecido por “Nível da Psicogênese”.Ana Teberosky
 é uma das criadoras junto com Emília Ferreiro da 
Psicogênese da Língua Escrita,   novos elementos
 para esclarecer o processo vivido pelo aluno que 
está aprendendo a ler e a escrever.
     Nessa linha de pensamento conhecida como 
“construtivismo”, para que a alfabetização tenha
 sentido é necessário ser um processo  interativo, 
dentro do contexto da criança, com histórias e 
com intervenções das próprias crianças, que 
podem aglutinar, contrair “engolir” palavras, 
desde que essas palavras ou histórias façam algum
 sentido para elas.
       Os “erros” das crianças podem ser trabalhados,
eles demonstram uma construção, e com o tempo
 vão diminuindo, pois elas começam a se preocupar
  com outras  (como ortografia), que não se
 preocupavam antes, pois estavam apenas descobrindo a escrita.
c












Magda Soares, no  artigo “Letramento e alfabetização:
as muitas facetas”, 26ª Reunião Anual da ANPED. GT
Alfabetização, Leitura e Escrita, resume bem a proposta
construtivista: “(….) a perspectiva construtivista trouxe
 importantes e diferentes contribuições para a alfabetização:
 (...) Alterou profundamente a concepção do processo de
 construção da representação da língua escrita, pela criança,
 que deixa de ser considerada como dependente de estímulos
  P  
 externos para aprender o sistema de escrita, concepção 
presente nos métodos de alfabetização até então em uso, 
hoje designados tradicionais, e passa a sujeito 
ativo capaz de progressivamente (re)construir 
esse sistema de representação, interagindo com a língua
 escrita em seus usos e práticas sociais, isto é, interagindo
 com material para ler, não com material artificialmente
 produzido para aprender a ler; os chamados para a
 aprendizagem pré- requisitos da escrita, que 
caracterizam a criança pronta ou madura para
 ser alfabetizada - pressuposto dos métodos tradicionais
 de alfabetização - são negados por uma visão interacionista,
 que rejeita uma ordem hierárquica de habilidades,
 afirmando que a aprendizagem se dá por uma progressiva
 construção do conhecimento, na relação da criança com o
 objeto língua escrita; as dificuldades da criança no
 processo da construção do sistema de representação
 que é a língua escrita- consideradas deficiências
 ou disfunções, na perspectiva dos métodos tradicionais
 - passam a ser vistas como erros construtivos, resultado
 de constantes reestruturações.”
        Reportando ao artigo da professora da Universidade
 de Brasília em sua investigação sobre Métodos  de
 Alfabetização  e Consciência Fonológica, em que
 aponta causas da dificuldade de de aprendizagem,
 defasagem  idade/série,  levam grande número de  alunos
 levam até o fim do 1º grau, resultado de várias pesquisas
 do analfabeto funcional e da evasão,e dentre outros
 fatores está o desenvolvimento do processo da leitura e
 da escrita “ a importância da consciência fonológica
 e oprincípio alfabético, a primeira como o
 entendimento de que cada palavra _ou partes
 da palavra_ é constituída de um ou mais
 fonemas. Para a fonoaudióloga Lílian Nascimento,
 rimas, aliterações, consciência sintática, silábica
 e fonêmica são habilidades relacionadas à consciência
 fonológica.. Na mesma linha de pensamento Alliende
 e Condemarín (1987 p. 46) denominam consciência
 linguística “o conhecimento consciente do indivíduo
 dos tipos e níveis dos processos linguísticos que
 caracterizam as expressões faladas”, entre os
 quais o de codificar foneticamente a informação linguística.
 Discutindo o papel daconsciência fonológica na
 alfabetização, Carvalho (2005) alerta para a necessidade
 de que os alfabetizandos percebam a dimensão sonora
 das palavras, que são formadas por sílabas e fonemas.”       
      Essa conclusão confronta com um nítido vácuo da
 construção da escrita e da leitura pela proposta construtivista.
      Ao contrário do que muitos pensam Emília Ferreiro
 trouxe valiosas contribuições para a compreensão
 da aquisição e desenvolvimento do conhecimento
 cognitivo na alfabetização,  porém Emília Ferreiro não é
 um Método de Alfabetização.
(…) a minha contribuição foi encontrar uma explicação
 segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos
 olhos que  olham, dos ouvidos que escutam há uma criança
 que pensa” Emília Ferreiro
Referências
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolingüística & educação. 
São Paulo: 
Parábola Editorial, 2005.
Psicogênese da língua Escrita, de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. Ed. Artes Médicas, Av.
Jerônimo Ornellas. 670. CEP 90040-340. Porto Alegre. RS. Tel: (051) 330-3444/330-2183
A Escrita e a Escola, de Ana Maria Kaufman. Ed. Artes Médicas.
Alfabetização em Processo, de Emilia Ferreiro. Ed. Cortez. R. Bartira. 387. CEP 05009-000. São Paulo. 

SP. Tel: (011) 864-0111.
Ensaios Construtivistas, de Lino de Macedo. Ed. Casa do Psicólogo. R. Alves Guimarães, 436, CEP 05410-000. 

São Paulo, SP, Tel: (011) 852-4633.
Aprendendo a Escrever: Perspectivas Psicológicas e Implicações Educacionais, de Ana Teberosky. Ed. Ática. R.

 Barão de Iguape. 110. CEP: 01507-900, caixa postal 8656, São Paulo, SP. Tel: (011) 278-9322.
-Márcio Ferrari (novaescola@atleitor.com.br)  Trecho da palestra de Emilia Ferreiro durante a 1ª Semana da

 Educação, em outubro de 2006, em São Paulo
-SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A criança na fase inicial da escrita: a Alfabetização como processo discursivo/7.

 ed. - São Paulo: Cortez, 1996.
Revista Nova Escola Janeiro/Fevereiro de 2001
-Mara Regina Maraia Schoenberger , licenciada em Pedagogia,Pós graduada em Educação Interdisciplinar e

 Metodologia do Ensino Fundamental: Educação Interdisciplinar  de 1ª á 4ª serie do Ensino Fundamental  
com Enfase em Educação Infantil:Cursando  Educação Especial e Inclusiva 
João Batista Araujo e Oliveira 

Nenhum comentário:

Postar um comentário